Cabelo & Ayurveda

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Saúde até a última ponta

Tenha cabelos lindos e saudáveis sempre



O grande guerreiro Virabhadra, personagem evocado em quase todas as aulas de Yoga nas posturas do guerreiro (virabhadrasana), nasceu dos cabelos de Shiva, num acesso de raiva do Deus hindu. Nossos cabelos, dos meros mortais, não dão origem a grandes heróis, mas podem ser bem fortes e saudáveis.
O dermatologista e presidente do Insituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele, Dr. Valcinir Bedin explica que os “cabelos são hastes protéicas formadas por queratina (dureza) e melanina (cor). Servem para ampliar a área de contato corporal e para proteger a cabeça dos raios solares”.
A beleza dos cabelos, que é reflexo da saúde geral do corpo, começa com um estilo de vida saudável e, principalmente, uma alimentação equilibrada. Como os cabelos são formados por aminoácidos, vitaminas e sais minerais, uma alimentação rica nessas substâncias – especialmente em sais minerais - é indicada para manter os fios saudáveis. Para os carnívoros, as carnes vermelhas, ovos e frutos do mar ajudam bastante. Já os vegetarianos podem tirar essas substâncias do leite, cereais integrais e vegetais folhosos.
Segundo o Ayurveda, os cabelos também têm dosha específico e os cuidados devem ser de acordo com o biótipo do cabelo. A terapeuta ayurvédica Cristiane Ayres explica as características dos diferentes tipos de cabelos:
Vata: cabelos quebradiços, sem nutrientes, sem brilho, secos, pouca quantidade, pontas duplas e com textura fina;
Pitta: cabelos oleosos, queda de cabelos, caspa, seborréia, couro cabeludo sensível e também com textura fina;
Kapha: cabelos em grande quantidade, grossos, ondulados e com brilho, geralmente tem tendência a cabelos normais.
Os problemas capilares também podem ser classificados como distúrbio de cada dosha. Segundo Dr. Bedin as principais reclamações são, dos homens, a queda dos cabelos e das mulheres, além da queda, temos queixas como mudança na forma da haste, rarefação ou mudança da oleosidade do couro cabeludo. A queda dos cabelos é um distúrbio tipicamente pitta, assim como caspas e cabelos brancos. Oleosidade excessiva pode acontecer por um distúrbio kapha ou pitta. Já uma mudança no tipo de cabelo é característico de quem está com algum distúrbio. Uma pessoa pitta, por exemplo, que tem cabelos oleosos e passa a ter cabelos ressecados e quebradiços está, provavelmente, com um distúrbio vata.
Os cabelos também envelhecem. “Dependendo da raça (brancos antes dos amarelos e estes antes dos negros) os cabelos vão ficando brancos por um processo chamado de apoptose”, esclarece Dr. Bedin “que é a morte celular programada dos melanócitos (que dão a cor aos cabelos). Vão também perdendo um pouco de queratina, ficando mais finos e ralos com o passar do tempo”. Essas informações coincidem com as características de um cabelo mais vata, já que o envelhecimento é o aumento deste dosha no organismo.

Mais verão
Os cabelos também sofrem os estresses das altas temperaturas que estão por vir. “No verão os cabelos se desidratam e criam um campo elétrico chamado de eletricidade estática, o que os leva a se repulsarem, dando a idéia de espigados”, esclarece Dr. Bedin. O especialista aconselha o cuidado de manter os cabelos hidratados e limpos e usar algum tipo de produto que forme um filme protetor em volta dos fios, como os que têm silicone. Mantê-los protegidos do sol é a dica que Cristiane dá, principalmente usando um chapéu.
Outras dicas da terapeuta (úteis para todas as estações do ano) são:
- Use sempre xampu e condicionador adequado ao seu tipo de cabelo; (biologico de preferencia)
- Não coloque xampu diretamente sobre a cabeça, misture sempre com um pouco de água;
- Faça massagem sem usar as unhas, somente as pontas dos dedos, pois pode provocar irritação, enfraquecimento da raiz, descamação e até queda;
- Enxágüe bem os cabelos para retirar o excesso de xampus e condicionadores, sempre!
- A água quente abre as cutículas dos fios, portanto prefira água morna ou fria. Se puder, dê a última enxaguada com água fria, ela ajuda a fechar as cutículas e devolve o brilho dos cabelos;
- Mantenha o secador a uns 15 a 20 centímetros dos fios, em temperatura mínima ou média, nunca quente;
- Não deixe muito tempo o cabelo preso, somente quando tiver contato com muita poluição ou agressões climáticas. 
Cristiane Ayres
Kris_ayres@hotmail.com
Dr. Valcinir Bedin
www.doutorbedin.com.br


Saúde dos cabelos segundo o ayurveda
Por Gil Khel e Maíra Duarte

Na Índia os cuidados especiais com os cabelos fazem parte da rotina diária da população. Eles são um ícone que representa beleza e saúde.
Caso esteja reclamando de cabelos secos, observe se o intestino está preso, a pele ressecada, as unhas quebradiças e a mente agitada. Se tem excesso de caspa e irritação no couro cabeludo, repare se sua língua tem uma cobertura amarelada e fique mais atento à qualidade e quantidade dos alimentos apimentados, salgados e ácidos que ingere. Oleosidade e peso nos cabelos? Cobertura branca na língua? Talvez trigo, leite e horas de sono em excesso estejam presentes em demasia na sua vida.

O Ayurveda ensina que cuidar dos cabelos não é apenas escolher um bom xampu. Essa ciência compreende que todo o alimento que ingerimos, depois de digerido, nutre um tecido após o outro, até que complete o ciclo dos sete tecidos. O tecido ósseo é o quinto a ser nutrido e seu bom funcionamento depende do alimento ingerido e do metabolismo de cada um dos tecidos anteriores. Os cabelos, assim como as unhas, são para o Ayurveda a excreção do tecido ósseo. Assim é facil constatar que, se nutrirmos adequadamente esse tecido, ele terá bom produto para ser eliminado, ou seja, cabelos e unhas fortes. O cuidado interno tem resultados lentos e profundos, mas também é importante atuar de fora para dentro. O uso de óleos, infusões e massagens para tratar os cabelos promove ação externa, sem efeito prolongado, mas com resultados imediatos positivos.

Os cinco elementos e os doshas (biótipos)
Quem tem os elementos ar e éter predominantes na constituição precisa ter cuidados especiais com o tecido ósseo, ficando atento à alimentacão, digestão, exercício fisico, temperatura e umidade do ambiente. Esse é o indivíduo vata. Cabelos tipicamente vata são ralos, leves, quebradiços, escuros, ásperos e com tendência ao ressecamento. Além do cuidado com a nutrição dos tecidos, é importante que o vata nutra diretamente os cabelos, não com cremes, pois esses, segundo o Ayurveda, podem bloquear os srotas, que são canais importantes do organismo, e sim com óleos de origem vegetal, prensados a frio. Nesse caso, o de gergelim é o mais adequado, pois tem potência aquecedora e nutritiva. Os vatas que têm uma porção pitta forte em sua constituição podem sentir um pouco de irritação no couro cabeludo devido ao calor do gergelim. Diminuir a quantidade e não aplicar na raiz geralmente resolve; se não, o jeito é suspender o uso. Se a sensação for agradável e gerar alívio, pode deixar o óleo agir na cabeça por bastante tempo, lembrando de não tomar friagem. O efeito do óleo na cabeça para quem é vata é bastante benéfico e se acompanhado de massagem nos marmas (pontos vitais), ainda melhor.
A maneira mais eficiente de nutrir e purificar os tecidos, cabelos e todo o organismo, são os tradicionais enemas ayurvédicos. O intestino grosso é a sede do elemento ar e nutre diretamente o tecido ósseo, por isso a eficiência do tratamento. Existem enemas (introdução de água e medicamentos líquidos no organismo por via retal) caseiros feitos com óleo de gergelim, água morna e sal de rocha que são práticos e cumprem a função. Um bom programa de nove aplicações trata e previne.

Pessoas pitta tendem a ter o cabelo fino, ralo, liso, claro, macio, com propensão à calvície e a ficarem grisalhas prematuramente. Têm em sua constituição a predominância do elemento fogo, que em excesso pode gerar irritação na raiz do cabelo. Procedimentos de ação local como aplicar o gel da babosa (aloe vera), pó de sândalo com água mineral (faz uma pasta) ou fazer nutrição com óleo de coco geram alívio imediato. O óleo só não pode permanecer por muito tempo nos cabelos. O suco de babosa também pode ser ingerido diariamente, conforme dosagem recomendada pelo médico ou terapeuta ayurvédico. Existem algumas contra-indicações ao uso dessa planta, e é importante observá-las antes do uso. Algumas delas são: gravidez, fluxo menstrual abundante, amamentação e casos de hemorragias internas.
Nos casos de dermatite ceborreica, que é sintoma de toxina pitta acumulada, algumas sessões de shirodara (terapia com fluxo de óleo continuo sobre a testa de um mistura medicinal à base de óleo morno) com buttermilk ou leite puros ou preferencialmente medicados com brahmi (pode ser substituido pela centelha asiática), trazem resultados surpreendentes.  Outra medida eficaz para tratar cabelos pitta é fezer, uma vez a cada 15 dias, monodieta de sucos de clorofila (folhas verdes escuras) com uma pequena fatia de gengibre.

Receita para tratar dermatite ceborreica, refrescar a cabeça duarante o verão e pacificação da irritabilidade pitta: ferva 500ml de leite integral de qualidade com uma mão cheia de folhas de centelha asiática por três minutos. Espere esfriar, coe, lave a cabeça com esta decocção e em seguida lave com água em temperatura ambiente. Repita a cada três dias.

No caso de pessoas pitta, a ação direta do sol é um dos grandes inimigos da beleza capilar. A pessoa naturalmente já é quente e os raios solares potencializam o calor, desequilibrando o dosha. Proteger toda a extensão dos cabelos com um chapéu e mantê-los hidratados é fundamental. Com isso os pittas saem ilesos da sensação desagradável de queimação e irritação no couro cabeludo e do ressecamento na região das pontas.

Para os kaphas, que freqüentemente têm cabelos oleosos, ondulados, escuros, brilhantes, grossos e abundantes, é importante o estímulo da raiz dos cabelos. Shiro abhyanga, massagem com um bom óleo ayurvédico, seguido de fricção suave com pó de cálamo, pó das folhas de manjericão ou pó de eucalipto estimula e equilíbra a oleosidade, promovendo leveza. Quem é kapha tem predominância de água e terra no corpo e natureza “fria”, então não pode permanecer com óleo por muito tempo na cabeça. Após a massagem deve tomar um bom banho para que não haja retenção de óleo em excesso e obstrução dos canais. Jejuns semanais à base de chás digestivos como a combinação de dente-de-leão e gengibre alegram o kapha e auxiliam na perda peso e é um bom desintoxicante.

Cuidados com o verão
Entenda o que acontece com você: o verão costuma ser quente e úmido, o que desequibra os elementos fogo e água, mas ficar exposto ao sol seca o elemento água e agrava ainda mais o elemento fogo. Podemos estar sob o efeito do clima do verão e/ou sob o efeito do excesso de sol. Mais um dado importante: durante o inverno acumulamos toxinas por causa do frio e quando a primavera e o verão chegam essas toxinas, devido ao calor, se fluidificam e começam a circular pelo organismo. É o período em que vêm à tona letargia, crises alérgicas, inchaços e mais um tanto de doenças, inclusive, oleosedade nos cabelos, irritações no couro cabeludo e caspa. Outro fato que afeta os cabelos são os raios de sol, estes secam o elemento água gerando ressecamento, irritações e obstrução dos póros.

Alimentação
Não dá para pensar em ayurveda sem cuidar da alimentação. Já que muitos dos problemas capilares que ocorrem nessa estação estão ligados ao acúmulo de toxinas, uma boa dica para um verão melhor é ingerir com maior frequência alimentos verdes, amargos e adstringentes, que auxiliam na eliminção das toxinas e purificam os elementos fogo e água. Os pittas com dermatites e irritações podem comer esses alimentos crus e a vontade, os kaphas com excesso de oleosedade e peso devem comer com mais de moderação, levemente cozidos e associados a picantes fortes como pimenta do reino, os vatas com os cabelos ressecados e quebradiços devem comer estes alimentos levemente cozidos, utilizando óleo vegetal crú e condimentos suaves como o cominho, gengibre, canela e cardamomo.
 
DICA:

Procure uma boa clínica ou um bom terapeuta ayurvédico e faça um programa de shirodara. Caso tenha acesso a bons óleos ayurvédicos e não tenha certeza do seu dosha opte por uma das três opções abaixo, pois além de excelentes, são tridoshicos.
·    Óleo de amla
·    Óleo de brahmi e tulasi
·    Óleo de bhringaraj
RECEITAS: 

Suco de babosa

Ingredientes:
Uma folha bem suculenta de babosa, de preferência daquelas que têm pintinhas amarronzadas e os espinhos laterais são mais “gordinhos”.

Preparo:
Corte a base da folha (se considerarmos que ela é triangular essa é a base do triângulo) e deixe escorrer por alguns minutos uma substância esverdeada que não é própria para o uso.
Com um corte longitudinal remova os espinhos laterais e descarte-os. Introduza a colher na pequena faixa da polpa, na lateral da folha, que ficou exposta com a retirada dos espinhos. Vá raspando com a colher até que as duas metades da folha se separem e toda a polpa seja removida. Não raspe demais pois, entre o gel e a parte verde existe uma substância que pode causar irritação.
Bata o gel no liquidificador e guarde na geladeira em um vidro escuro bem fechado.

Infusão de Alecrim
Trata queda de cabelo e caspa. Bom para vata, kapha e pitta moderadamente

Ingredientes::
600ml de água
Um maço pequeno de alecrim, de preferência contendo flores

Preparo:
Ferva 600ml de água
Acrescente um punhado de flores e folhas frescas de alecrim, de modo que o chá fique bem concentrado.
Coloque na jarra, espere esfriar e enchágue o cabelo no banho, após a retirada do condicionador. Caso apareça irritação local diminua a concentração do chá. Se não melhorar suspenda o uso.

É válido lembrar que não existem corpos iguais. Reações diferentes podem ocorrer com o uso de uma mesma erva em pessoas diferentes pois são inúmeros os fatores individuais que as desencadeiam. O ayurveda não é uma ciência que trata sintomas, ela olha sempre para o todo. Existem receitas básicas para os doshas, mas o bom senso e a auto observação são posturas fundamentais ao processo de cura.


Preparado de gengibre para melhorar a digestão
Ingredientes:

3 colheres de sopa de suco de gengibre
3 colheres de sopa de suco de limão
5 colheres de chá de açucar cristal orgânico
1 colher de chá de sal marinho

Preparo:
Ralar o gengibre na parte mais fina do ralador e coar a polpa com um pano ou peneira para extrair somente o caldo e adicionar aos outros ingredientes. Pode ser guardado em um vidrinho com conta gotas para ser levado na bolça. Tomar ao longo do dia, principalmente ½ hora antes das refeições. Dentro da geladeira dura até 3 dias.

As receitas abaixo são adequadas para a nutrição do tecido ósseo e contribuem para o crescimento de cabelos saudáveis quando aliadas à boa digestão. Um mesmo alimento pode ser néctar ou veneno dependendo de como é digerido.

Suco de folhas verdes
Ingredientes

4 folhas de rúcula
2 galhinhos de agrião
Uma fatia fina de gengibre
250 ml de água

Preparo:
Bater no liquidificador e tomar logo em seguida.


Leite “boa noite

Ingredientes:
250 ml de leite integral tipo A de boa qualidade
1 colher de chá rasa de açafrão da terra em pó(cúrcuma)
1 colher de chá de cardamomo em pó
Açúcar mascavo ou cristal orgânico a gosto
Uma pitada de noz moscada ralada

Preparo:
Misturar todos os ingredientes e ferver por alguns minutos.
Tomar antes de dormir.


É muito bom para nutrir o tecido ósseo além de proporcionar uma boa noite de sono. Mesmo pessoas que não costumam tomar leite podem tentar essa versão, pois os temperos ajudam a quebrar a lactose e promovem um sabor especial.

Enema caseiro:
Ingredientes:
1 copo americano de óleo de gergelim
1 copo americano de água morna
1 pitada de sal de rocha ou sal marinho

Preparo:
Misture bem os ingredientes e coloque em uma pera de irrigação vaginal. Deite sobre o lado esquerdo do corpo dobrando a perna de cima e estendendo a de baixo. Respire pela boca e introduza cuidadosamente no ânus. Após a entrada do óleo mantenha a pera pressionada até que seja totalmente retirada do ânus para que o óleo não retorne. Caso tenha sobrado óleo na pêra repita o procedimento. Quanto maior o tempo de retenção do líquido no intestino, maior o efeito da nutrição. Existem também enemas de ação mais profunda feitos com sonda. Esses são realizados por terapeutas e médicos em clínicas ayurvédicas especializadas.

Gil e Máira são terapeutas ayurvédicos. Dão consultoria para novas clínicas e atendem pelo Brasil a fora.

O NASCIMENTO DA DEVI: POR UMA GESTAÇÃO PLENA - Por Ana Paula Malagueta Gondim

Birth is not only about making babies. It's about making mothers - strong, competent, capable mothers who trust themselves and believe in their inner strength.

Barbara Katz Rothman.



Yoga e Ayurveda – uma gestação mais feliz e integrada.
Como mulheres, passamos por três grandes mudanças em nossas vidas: menarca, gestação e menopausa. Como a segunda é o único período vivido por muitas, mas nem sempre por todas, será o nosso objeto de estudo. Segundo Maria Inês e Walkyria Dambry (2004) com base na visão ayurvédica, “a gestação é kapha, momento em que a criança é gerada, se desenvolve e cresce. A gestante está repleta de líquido, contém uma bolsa gestacional, edemas abundantes [nem todas], está letárgica e emotiva. O momento de trabalho de parto é vata, o movimento é fundamental tanto por parte da mãe quanto da criança entre força e relaxamento. O momento de expulsão é pitta, realização efetiva de todo o processo de geração e nascimento.”
Para o Ayurveda a preparação para uma gestação saudável e feliz deve começar bem antes do período de concepção. Mas como a maioria não planeja nada e muitas vezes é surpreendida por um teste positivo, a incursão à prática de Yoga pré-natal será mais do que o suficiente e ricamente benéfico tanto para mãe quanto para o bebê. A indicação de atividade física e em especial do Yoga é quase uma unanimidade entre obstetras, adeptos ou não do parto humanizado e natural.
Alguns dos benefícios do Yoga na gestação são: proporciona uma gestação, um parto e pós-parto mais saudáveis e tranquilos, redução do estresse da ansiedade; relaxamento; consciência do novo Ser que se desenvolve dia a dia; melhora da circulação sanguínea e linfática; fortalece o assoalho pélvico; ajuda na preparação dos seios para amamentação; melhora a respiração e a oxigenação para o bebê; readaptação ao novo eixo de gravidade, entre outros.
Sparrowe (2002) enfatiza, “Embora o Yoga em geral crie espaço para o bebê demtro do seu corpo, o Yoga pré-natal cria espaço para o bebê em sua mente.” Cada gestação é única e o Yoga servirá como a chave do tesouro. Balaskas (1993) complementa que a ênfase durante a gravidez deverá repousar sobre o desenvolvimento da responsabilidade e da confiança no próprio corpo e no aprender a descobrir seu potencial instintivo para dar à luz e se tornar mãe.” Assim sendo, adentremos o maravilhoso mundo das dez luas gestacionais, tempo considerado como necessário para uma gravidez a termo.


O Primeiro Trimestre



Corresponde ao período mais importante – o da formação do bebê. Momento de adaptação e revolução hormonal. Por conta de todo este “agito” interno, a mulher pode se sentir cansada e muitas vezes passar por algumas alterações de humor como nos períodos pré-menstruais, como a insegurança e com medo, irritação ou irracionalidade, sentir-se despreparada ou incerta quanto a sua habilidade à maternidade ou com dificuldade de aceitação à nova realidade. A mulher está literalmente com a sensibilidade à flor da pele! Por isso pode se pegar chorando com um comercial de televisão! No que aparentemente pode parecer o caos, conseguiremos criar todos os alicerces que assegurarão uma gestação mais saudável e equilibrada.



A base da prática advém principalmente dos exercícios respiratórios básicos, como respiração diagfragmática e intercostal. Tolle (2005) afirma que “Ao sentir a respiração e ao aprender a prestar atenção nela, você se conecta à natureza da forma mais íntima e poderosa. É um ato extremamente curativo e reabastecedor. Ele promove uma mudança, passando do mundo conceitual do pensamento para o mundo interior da consciência livre de condicionamentos.” A prática diária dos pranayamas ajudará a renergizar seu corpo e mente caso você esteja se sentindo mais cansada do que o habitual nos primeiros meses de gestação visando a conexão do corpo físico, que está se transformando, à mente em busca de aceitação, adaptação, união e compreensão.

Prana, a energia vital, funcionará como uma âncora que nos centra no momento presente e ajuda a clarear os pensamentos, as confusões mentais e as oscilações hormonais; e o mais importante de tudo, com naturalidade. Com uma boa nutrição “pránica”, não somente através da respiração, mas de uma alimentação mais viva e natural, a mulher conseguirá alcançar um nível de pureza maior, ou seja, estará mais sáttvica, o que é essencial para gerar um bebê mais saudável.
Lad (2007) aponta a importância do prana na gestação, “Prana governa as funções biológicas das outras duas essências ojas e tejas. Durante a gravidez, o umbigo do feto é a principal porta por onde prana entra no útero e no corpo do feto. Prana governa também a circulação de ojas no feto. Assim, em todos os humanos, mesmo naqueles que ainda não nasceram, um distúrbio do prana pode criar um desequilíbrio de ojas e tejas, e vice-versa.”
Yoga é mais do que união, integração e junção de corpo-mente-espírito, mas sim, uma junção de dois Seres que estão em ativo e pleno desenvolvimento em busca de sattva, o perfeito equilíbrio entre ha e tha, o Sol e a Lua. Sattva traz luz à nossa consciência, ajudando-nos a enxergar além dos nossos gostos e aversões e padrões mentais, olhando a realidade como ela é e não como queremos ou acreditamos que seja. Isso é trazer jyoti (a luz) a nossa realidade e viveka, o discernimento. Evitando desentendimentos, falsas percepções e julgamentos indevidos, auxiliando-nos a cultivar relacionamentos reais e sinceros; assim como contribuindo a “digestão” de todos as emoções conflitantes que possam surgir nesses primeiros meses.
O Segundo Trimestre 
No segundo trimestre, a maioria dos desconfortos iniciais já passaram para a maioria das gestantes e inicia-se a fase da mais completa plenitude. A energia e o bem-estar voltam a fazer parte da sua vida e você está se sentindo mais bonita e de bem consigo mesma do que nunca! Uma dieta completa, saudável e natural já deve fazer parte dos cuidados diários, pois sua nutrição extende-se ao bebê em desenvolvimeno, enquanto seu corpo prepara o leite materno. A Dra. Silvia Mattoso Gioielli, especializada em Ayurveda, Pregnancy and Baby Care, indica os seguintes cuidados quanto à alimentação:
  • Procure consumir alimentos frescos e integrais, como vegetais, frutas, grãos e laticínios. Caso haja possibilidade, prefira os orgânicos. Evite tudo o que for enlatado, longa-vida e alimentos geneticamente modificado;
  • A comida deve ser gostosa, apetitosa. Não exagere nos crus: os alimentos cozidos são mais fáceis de digerir, mais nutritivos e dão uma sensação de conforto;
  • Relaxe e curta o momento de preparar e desfrutar a refeição. Sente-se para comer. Procure alimentar-se em um ambiente calmo, com conversas amenas e felizes, sem muito barulho e sem aglomerado de pessoas. Não deixe a sua refeição se perturbada ou constantemente interrompida;
  • O desejo durante a gestação é bastante comum. Segundo o Ayurveda, esse desejo parte do bebê, é a sua vontade que se manifesta na mãe. Portanto, se você notar algum desejo alimentar incomum, que você não costumava ter, procure satisfazê-lo. Caso você deseje algo pouco saudável, consuma, mas só o suficiente cessar a vontade. Para o Ayurveda uma dieta balanceada é aquela que contém os seis sabores (doce, salgado, ácido, amargo, picante e adstringente) e é ela a melhor prevenção para desejos alimentares não apropriados;
  • De uma forma geral, reduza os alimentos muito picantes, exageradamente amargos e adstringentes. Reduza drasticamente os alimentos crus e não consuma bebidas e alimentos gelados, pois isto reduz o agni – o fogo digestivo, prejudicando a digestão e o aproveitamento adequado dos nutrientes.
Seguindo essas regrinhas básicas para uma boa nutrição e o abandono do sedentarismo, conforme as indicações médicas e nutricionais, seu ganho de peso será mais saudável e proporcional à uma boa demanda de prana, ojas e tejas, agni (o fogo biológico que governa o metabolismo) e o equilibrio entre os três prevalecerá. Lad (2007) cita que “Durante o oitavo mês de gravidez, ojas proveniente do corpo da mãe vai para dentro do feto. [...] Assim como ojas é fundamental no início da vida, é necessária também para a longevidade.” Procure também se alongar, – sem exageros, pois agora não é momento de superação mas sim de acolhimento, devido ao hormônio secretado pela placenta, a relaxina, que naturalmente amolece os ligamentos, os tecidos da pélve e da coluna, assim como também os órgãos internos – se movimentar e preencher o dia com tudo que te faça sorrir além das atividades diárias relativas ao seu trabalho. Qualquer postura que comprima, contraia os músculos abdominais ou em decúbito ventral devem ser evitadas, assim como aquelas nas quais não se sinta bem. Converse com seu professor. Aproveite também o bom fluir da energia e disposição para preparar o corpo e a mente para o último trimestre.
Yamas e Niyamas 
Com o decorrer dos meses e a aproximação da data susposta de parto convêm se perguntar e refletir sobre os yamas e niyamas fora do mat (tapetinho de prática). Pense, como você quer educar seu filho? Quais os valores que deseja transmitir ? E com isso em mente, coloque tudo em prática. Lembre-se que a educação já começa no ventre! Tudo que você sente e experimenta neste período é transmitido ao bebê pelo cordão umbilical conectado a placenta.
Por isso procure cultivar satya e seja sincera na sua prática, respeitando seus limites e indicações do professor, procure também ser honesta com seu companheiro e filhos e obstetra, procurando estabelecer um relacionamento onde a comunicação aberta seja essencial, onde você possa compartilhar os medos, inseguranças, dúvidas e questionamentos. Para que assim conflitos não resolvidos não aflorem na hora do parto e atrapalhem o seu progresso.
Certifique-se que esteja tudo bem entre você e sua mãe e com o seu nascimento (muitas complicações em trabalho de parto advém dos traumas do nosso próprio nascimento), assim como entre você e seu companheiro. Veja como ele se sente com o fato de ser pai, quais são seus medos, inseguranças e cheque seu desejo ou não em acompanhá-la no parto.
A maior sabedoria é aprender o momento de falar, de ouvir e de se calar. Algo que conquistamos com a prática, principalmente do brahmacharya, a moderação. Nem tanto ao céu nem tanto a terra. Com sinceridade, com carinho e sem violência, ahimsa. Falando na hora certa sem roubar o tempo dos outros desnecessariamente, praticando asteya.
Cultivando a não possessividade, aparigraha; respirando e reflitindo algumas vezes antes de responder a alguém com a primeira coisa que vier a cabeça. Talvez, a melhor decisão seja sair para dar uma volta, arejar a cabeça e só depois reiniciar a conversa. O que muitas vezes pode exigir esforço e disciplina, tapas, para não seguir um impulso, o que na maioria das vezes é o reflexo de padrões que nos mantém presos ao ciclo de samsara, nossa existência condicionada. Liberte-se! Permita crescer como mulher e expandir esse bem-estar a toda sua família de dentro para fora.
O Último Trimestre 
Ao alcançar o último trimestre o corpo da mulher já sofreu grandes alterações e o bebê já consegue ouvir, sentir e diferenciar muitos estímulos que chegam até ele. Leboyer (2004) aponta que “no útero chegam à criança os ruídos que se produzem no corpo da mãe, estalos de articulações, borborismos intestinais. E dando ritmo ao todo, as batidas potentes, o tambos grave do coração materno. A voz, finalmente. A voz da mãe, que marca para sempre com sua impressão o bebê. Cada voz é única, inimitável. Tanto quanto as impressões digitais. A criança fica marcada pela voz da mãe. Ela conhece essa voz, bem antes de ter visto a luz do dia. É enlaçada em sua trama, em suas modulações, em suas inflexões, em seus humores [...] A criança percebe os sons do mundo, os sons de fora, do mesmo modo como sente a luz. Apesar da espessura do ventre materno.” Isso quer dizer que a prática do pratyahara é primordial para que seu bebê não seja exposto a situações, sons e emoções tóxicas.
Chopra (2006) aconselha, “Leia histórias encantadoras e poesia sensível em voz alta para seu bebê e ouça músicas bonitas e relaxantes todos os dias. [...] Preste atenção aos sinais de estresse que perceber ao longo do dia e aplique compartamentos de redução de estresse para minimizar os efeitos prejudiciais do estresse sobre você e seu bebê por nascer. [...]Ponha as mãos sobre a barriga algumas vezes ao longo do dia e envie pensamentos amoroso a seu bebê por nascer.
Balzano e Mukti (2009) contam que, “No Japão, esta regra é levada tão a sério que a mulher assim que descobre que está grávida passa a seguir o hábito milenar chamado Tai Kyo, que visa prover educação ao bebê na vida intra-uterina. Ela evita fazer qualquer coisa que traga emoções negativas: deixa de lado os filmes de terror e violência, as músicas muito agitadas e as cenas tristes, e dá preferência a bons filmes, ritmos agradáveis, uma bela exposição de quadros.” Eu gosto muito de usar os mantras para gerar uma atmosfera de extrema qualidade na vida das pessoas e em especial no período gestacional para tornar esse momento ainda mais mágico e transformador. 

A partir do sétimo mês algumas mudanças maiores ocorrem já em preparação ao parto.

Algumas mulheres sentem as contrações de Braxton hicks, o que é perfeitamente normal, – o útero geralmente se endurece por um minuto e depois volta ao normal – é apenas a preparação do corpo ao trabalho de parto, pois elas amolecem e dilatam o cólon do útero. São também um sinal de que o final da gravidez está próximo. (Claro, se você notar algo de anormal, como dor na parte inferior das costas, perceber que as contrações estão regulares e com diminuição de intervalos ou perda de líquido através da vagina, é melhor comunicar seu médico). Neste trimestre a realidade é outra, assim como o tamanho da barriga também. A mulher já está mais apreensiva em relação ao parto e saúde do bebê, assim como sonhadora e ansiosa, e aliviada por estar quase chegando a hora de ter seu bebê nos braços. O útero expandido comprimirá cada dia mais o diafragma –

e para algumas pode ser nítida a sensação de falta de ar – assim como também a bexiga e os intestinos, e os órgãos da cavidade abdominal. Se você é sedentária pode se deparar com liberações de urina ao expirar ou em atividades de impacto. Por isso os exercícios Kegel de fortalecimento do períneo e a prática diária da asvine bandha e mula bandha é essencial e deve ser treinada todos os dias, durante e depois das práticas, antes e após o parto. Contribuindo na prevenção de situações de incontinência urinária, prolapsos e fortalecendo da musculatura do períneo que precisará estar flexível para alcançar os 10cm de dilatação que trarão seu filho ao mundo e serve como uma prevenção às lacerações e necessidades de episiotomia durante o trabalho de parto, e se houver a necessidade de tal procedimento, será de grande auxílio no processo de cicatrização. Para isso praticaremos muitos asanas que nos mantém na posição de cócoras e suas variantes.
Aproveite esses asanas para lidar com a constipação; claro que deve ser evitado para aquelas que estão sofrendo de hemorróidas ou com problemas nos joelhos. As posturas de cócoras ajudam no encaixe e na descida do bebê, além de abrir a bacia e trabalhar as articulações da região coxo-femural e a musculatura do assoalho pélvico. É ótima para o período expulsivo pois aumenta o diâmetro da abertura pélvica e deixando mais espaço para a saida do bebê. Brahmacharini Maya em seu livro O caminho da prática discursa o seguinte sobre a postura de cócoras, “Quando entramos nessa postura inspiramos a respiração da terra para dentro de nós. Como mulheres, nossas energias mais poderosas se juntam abaixo da barriga. É tão importante receber e revigorar o apana absorvendo as forças magnéticas da terra através do canal inferior do corpo quanto rejuvenescer o prana pela respiração nasal. [..] Ficar de cócoras permite que as energias da terra entrem por nosso orifício inferior. A força magnética da terra puxa o apana, ou ar descendente, para baixo, tranzendo-o a um estado de plenitude. O resultado é que um calor profundo penetra na barriga, mantendo os tecidos e órgãos da parte inferior do corpo em harmonia com as vibrações da terra. Quando o apana é recarregado dessa forma natural, ele fortalece e move o prana para todo o corpo.” Em resumo, apana forte, auxilia no processo de soltar, deixar fluir e esvaziar que é o parto.
Algumas outras reclamações durante os últimos meses são azia, indigestão, falta de ar ou insônia – para essa aconselho ler um livro bem chato ou estremamente técnico antes de dormir. Sugiro que comunique seu médico e seu professor para juntos ajudarmos no alívio desses desconfortos.

Sparrowe (2002) diz que “O amolecimento dos tecidos costuma causar desconforto porque faz com que a digestão fique mais lenta, causando prisão de ventre, indigestão, e inchaço nas mãos e nos pés. Nenhum desses problemas é motivo de alarme, mas se o inchaço vier acompanhado de uma onda de hipertensão ou se for detectada a presença de proteína na urina, é melhor procurar um médico.”
Fique alerta também se edemas aparecerem junto com esses sintomas ou você acordar muito inchada do dia para noite. Mantenha sua energia circulando! Liberando o caminho para o vata, para lidar com os inchaços, falta de energia ou varizes estimulando o sistema circulatório nos meses finais quando o peso se torna excessivo sobre os membros inferiores. A série de soltura articular, ou pavana muktasana, é excelente e benéfica ao sistema circulatório. Para a ampliação da energia, pratique posturas que abram o peito (com suavidade e gentileza) e revigorantes, como colocar e deixar as pernas para cima, além de ásanas que estimulem o chakra do coração e da garganta, anahata e vishudha, respectivamente.
Como preparação ao trabalho de parto, busque sempre o caminho do meio, sattva, a equanimidade, através dos três R´s: relaxamento, respiração e ritmo. O livre movimentar-se de maneira fluída e orgânica, conectando-se ao seu ritmo interno e à respiração ritmada e consciente. Em relação a isso, Balaskas (1993) diz “Concentrar-se na respiração inativa a mente, interrompe o diálogo interno que normalmente ocupa nosso pensamento e aproxima você de você mesma e do seu bebê. Cada trabalho de parto tem seu ritmo. A concentração nos ritmos da sua respiração vai permitir que você entre em ressonância com esse ritmo, que seja instintiva, e que se renda às forças vitais que atuam dentro do seu corpo.”
Assumindo uma atitude relaxada e conectada conseguimos relaxar muito mais a musculatura da boca que consequentemente relaxa a do períneo. Maria Inês e Wlakyria Dambry (2004) afirmam que “Na Ayurveda, considera-se que o sistema orofacial e o sistema perineal funciona de forma similar e interligada. A organização tônico-funcional do sistema ofofacial só existe se houver a mesma organização no sistema perineal.
A ação do elemento água é fundamental na digestão, pois, sem esse o processo digestivo não se inicia, assim como o elemento água gera um meio favorável a reprodução.” Pratique sim! Pelo menos duas vezes por semana, senão, todos os dias. Mas, acima de tudo, tira um tempo para descansar, parar e contemplar a benção que é estar grávida.
Apodere-se! As portas da mudança só se abrem por dentro
Ser mãe é mais do que ser Parvati, é ser Kali ou Durga quando necessário, viver os dois lados da moeda, incorporando toda a força da deusa, ou seja, ser a shakti em todo seu potencial. É definir o que você quer e lutar para isso. A humanização do parto não é a mais nova moda e sim o básico e essencial, e na minha visão isso é Yoga. É ser congruente com seus valores e batalhar pelos seus direitos e pelo que é certo e exigir o mínimo de respeito neste momento tão íntimo e delicado. Gandhi foi nosso maior exemplo da busca pela não-violência.
Por isso, aconselho que as gestantes façam o seu plano de parto, para assim se familiarizarem com as fases, as possibilidades, opções, tipos de parto e intervenções que possam acontecer. O conhecimento é um grande passo para a conquista, assim como a sua participação ativa no parto pode tornar o processo mais vivo e surpreendente, onde você se torna o centro da ação e não a paciente incapacitada. Apodere-se do direito de ter um parto do jeito que você quer e sonha.
Pesquise as opções disponíveis, visite hospitais e maternidades e se informe sobre seus direitos que transcendem o basicão como uma boa hotelaria e uti neonatal, mas que prevêm conforto à mãe e um atendimento mais humanizado para mãe e bebê, para que os primeiros momentos de vida sejam felizes e não traumatizantes.
Uma sugestão é cogitar a possibilidade de se movimentar durante o parto, fazer o uso de banho quente, massagens, óleos essenciais, moxabustão, música, privacidade, companhia do seu parceiro ou até mesmo de uma doula (acompanhante de parto). Hoje, muitos hospitais e médicos aceitam e trabalham com doulas. Estudos compravam que,a presença de uma doula pode diminuir em 50% as taxas de cesárea, diminuir em 20% a duração do trabalho de parto, diminuir em 60% os pedidos de anestesia, diminuir em 40% o uso de ocitocina e diminuir em 40% o uso de fórceps.
Visualização do parto 
Aproveite os momentos de relaxamento em shavasana para se concentrar, visualizar e criar a imagem mental do processo e trabalho de parto. Visualizando um canal luminoso (sushumna nadi) do alto de sua cabeça à região da vagina, se abrindo a cada expiração como uma flor de lótus. Veja o cólon do útero se abrindo e se dilatando, seu bebê se encaixando e descendo. Sinta-se a cada expiração mais relaxada, tranquila e confiante. Liberando assim todas as tensões, preocupações e medos. Inspire profundamente e conecte-se com seu bebê. Converse com ele e transmita todo seu amor e seus melhores sentimentos. Estabeleça desde as primeiras semanas um vínculo e o nutra a cada dia através do relaxamento consciente.
Mas vai doer?
Estar grávida não é uma doença e parir não deveria ser visto como um calvário ou certeza de sofrimento. É importante esclarecermos isso. O parto é um processo fisiológico e natural e as contrações não são dores maléficas, mas sim um aviso de que seu útero está fazendo seu trabalho, de que seu bebê está pronto e que a hora chegou. Você esperou longos meses por esse momento e agora é a hora de realizar karma, a ação que culminará em ter seu filho nos braços.
Meu trabalho como professora de Yoga na prepração do parto e como educadora é fazer com a mulher confie em sua capacidade trazer seu filho ao mundo. Capacitá-las. Reedescobrir a força que há dentro de cada uma. Isso é Yoga. O reconhecimento do que já existe mais foi esquecido. A força do Ser. É claro que a percepção da dor e sua intensidade varia de mulher para mulher e também de gestação para gestação, porém é importante salientar que sendo uma questão subjetiva é primordial que tentemos compreender o que desencadeia nossas percepções de muita dor ou de nenhuma dor – os samskaras e os vasanas (impressões subconscientes, tendências ou disposições que nos condicionam).
Bertheat e Brung (1997) explicam que “...não é a contração que dói. É a dor que trazemos dentro de nós, oculta. O que a contração revela é o sofrimento da própria pessoa.”. A mulher ao parir se expõe a toda sua história como um momento de comunhão e de reconhecimento, onde não há mais barreiras entre o consciente, subconsciente e insconciente, e ali tudo que vinha guardado emerge a superfície. A forma que isso se dará varia, por isso que algumas mulheres relatam dores insuportáveis e outras não sentem dor alguma, ou até sentem prazer, como foi relatado no documentárioOrgasmic Birth.
Balaskas (1993) diz “Existe uma correlação definida entre ansiedade, medo e dor. Quando você fica com medo, com frio ou hiperexcitada, seu corpo secreta adrenalina, a qual pode inibir o processo do parto no primeiro período (embora possa desempenhar um importante papel na fase de expulsão). Seus músculos se contraem, a respiração se torna mais superficial e geralmente você acaba se desconectando do que está acontecendo dentro de você. Isto faz com que a dor aumente. Assim que você relaxar e deixar acontecer, a dor vai diminuir.”
Sparrowe (2002) complementa, “Como as emoções afetam o funcionamento dessas glândulas (hipotálamo e pituitária), a tensão, o medo, o nervosismo e o estresse têm um impacto direto sobre o sistema nervoso e sobre o sistema endócrino (e sobre os do bebê), inibindo a produção dos hormônios que estimulam as contrações do útero, e das endorfinas, que tornam mais fácil suportar a dor.”
Ou seja, se você ficar tensa, se contrair toda, prender a respiração e se desesperar, o sistema nervoso simpático vai ser acionado e a adrenalina vai fluir em seu sangue com a intenção de lutar ou fugir, atrapalhando o trabalho de parto. Permita que a respiração diafragmática te leve e relaxe, para que assim o sistema nervoso parassimpático seja acionado, as endorfinas sejam secretadas conjuntamente com a occiocina favorecendo as contrações uterinas, a dilatação do canal cervical e a abertura da vagina, contribuindo para o bom andamento do parto, do seu bem-estar, assim como do seu bebê. Conecte-se!
Relaxe e não lute contra as forças que se movem dentro de você. Ao fazer isso, o néo-cortex deixa de comandar e seu cérebro primitivo é acionado, permitindo que você adentre a “partolândia” – a mais pura conexão (um estado alterado de consciência) onde não há espaço para racionalização e sim a oportunidade de se deixar levar pelas contrações uterinas. Aqui, a luz da consciência mais profunda surge, o mais puro saber.
A força da Shakti, da deusa, que simplesmente acontece. E assim, a mãe traz seu filho ao mundo. Um dica: Mergulhe na contração ao invés de se contrair e lutar contra ela. Como se você surfasse às contrações usando-as ao seu favor. Você perceberá como o processo se torna mais natural, orgânico e flúido. Cada contração é um esforço do útero em trazer seu bebê ao mundo. Cada contração é uma escolha: vou permitir e me abrir ou vou fugir delas e me retrair?
Vamos praticar?
Vamos aproveitar esses momentos finais e praticarmos juntas a conexão com a força divina que habita dentro de nós: Sente-se confortavelmente, relaxe os ombros e expire colocando para fora toda e qualquer preocupação ou tensões. E a cada inspiração se concentre neste momento, o AQUI e AGORA. Concentre-se neste PRESENTE de Deus que é o Serzinho que cresce dentro de você e que em breve fará parte de sua família. Pouse sua mãe esquerda em seu coração e a direita em algum ponto de seu ventre.
Ao inspirar se conecte com o amor que existe em seu coração e com todos os bons sentimentos que deseja transmitir ao seu bebê. Ao expirar doe esse amor e seus melhores sentimentos através da sua mão direita. Visualizando seu amor chegando a placenta, passando pelo cordão umbilical e pousando direto no coração do seu bebê. Se concentre nisso por algumas respirações.
Tente permanecer o mais relaxada possível e começar a praticar o ouvir o que está além, a consciência divina que pulsa dentro de nós. Permaneça em silêncio pelo tempo que quiser, deixando-se se aprofundar mais e mais em direção ao silêncio que existe entre cada pensamento. Aprenda com ele. Neste ponto a intuição pode ser tornar extremamente forte e presente, ouça. Quando decidir voltar, faça isso aos poucos, mexendo o corpo e abrindo os olhos gradativamente. Om Lokah Samatah Sukhino Bhavantu Shanti Shanti Shanti.
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Ana Paula Malagueta Gondim é Educadora Perinatal, doula voluntária do Amparo Maternal, professora de Yoga pré-natal, pós-parto, baby Yoga e shantala..
Contato: www.hathayogastudio.com.br, aninha_malagueta@hotmail.com

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Referências bibliográficas e leituras sugeridas:
Balaskas, Janet. Parto Ativo: guia prático para o parto natural. Tradução Adailton Salvatore Meira. São Paulo: Ground, 1993.
Balzano, Cristina e Mukti, Veena. Apostila Digital de Formação em Yoga para Gestantes. GAMA. São Paulo, 2009.
Bertherat, Marie; Bertherat, Thérèse e Brung, Paul. Quando o corpo consente. Tradução de Estela dos Santos Abreu. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
Deepak, Chopra. Origens Mágicas, vidas encantadas: um guia holístico para a gravidez e o nascimento. Tradução de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
Fadynha. Yoga para gestantes. São Paulo: Ground, 2005
Lad, Vasant. Ayurveda: a ciência da autocura, um guia prático. Tradução de Jurema Maurell. São Paulo: Ground, 2007. Leboyer, Frédérick. Nascer Sorrindo. Tradução Média. São Paulo: Brasiliense, 2004.
Marino, Inês Maria; Dambry, Walkyrua A. Gusti. Ayurveda: o caminho da saúde. São Paulo: Gaia, 2004.
Sparrowe, Linda. O Livro de Yoga e Saúde para a Mulher. Tradução de Carlos Augusto. São Paulo: Pensamento, 2002. 
Tolle, Eckhart. O Poder do Silêncio. Tradução de Ana Quintana e Regina da Veiga Pereira. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

Yoga Journal Brasil Bem-estar Ayurveda Ayurveda feminino

Yoga Journal Brasil Bem-estar Ayurveda Ayurveda feminino


Ayurveda feminino

Por: Thays Biasetti

A médica americana Claudia Welch começou a meditar com oito anos. Conheceu o Ayurveda na Índia quando era adolescente e desde então se dedica à técnica. Nessa entrevista, ela fala sobre o porque das mulheres enfrentarem tantos problemas e como fazer pa



Yoga Journal: Por que você acha que a humanidade está tão cheia de doenças?
Claudia Welch: 
Quando o Ayurveda foi desenvolvido pelos rishis, eles perceberam que as pessoas que tinham sido retiradas de um estilo de vida natural e viviam em centros urbanos estavam desenvolvendo mais doenças. Se isso estava acontecendo naquela época, milhares de anos atrás, você pode imaginar o exponencial dessa dissociação de ritmos da natureza.

YJ: Estamos vendo o aumento de muitas doenças como o câncer, problemas mentais, do coração. E também menopausa, TPM e coisas que nossas avós não tinham. Você acredita que isso aconteça por causa desse novo estilo de vida moderno?
CW: 
Sim, é uma grande parte. Nas medicinas orientais nós olhamos para o macrocosmo para entender o microcosmo. E olhamos para o microcosmo para entender o macrocosmo. Uma coisa que podemos reparar é a situação com as abelhas, que estão desaparecendo na América do Norte, Europa e outros países. É interessante se você tomar como um exemplo do que acontece com o macro e o microcosmo, porque é uma sociedade matriarcal. Há a abelha rainha, há milhares de abelhas fêmeas que saem para polinizar e recolher o material e há apenas uma pequena quantidade de machos. E o que isso nos diz sobre o aspecto feminino do mundo e dos indivíduos?

YJ: Você acredita que o aspecto feminino do mundo está morrendo?
CW:
 Está com problemas. No Ayurveda associamos qualidades do bruhana, de nutrição, com o aspecto feminino. Nutritivo, devagar, calmo, substancioso, associamos essas qualidades com o feminino. Mas essas qualidades não são apreciadas na sociedade moderna. Apreciamos mais as qualidades langhana, masculino, ambição, movimento, vida corrida. Langhana significa leveza. Então, são qualidades que deixam o organismo leve, então temos insônia, ansiedade, emagrecemos, e nosso sistema endócrino desmorona, e daí, talvez engordamos. Mas o primeiro problema é muita ambição, muito estresse, muita ansiedade, com essas qualidades masculinas, as qualidades femininas estão sofrendo. As abelhas estão morrendo, as qualidades femininas também.

YJ: Então, a revolução feminina dos anos 60 transformou as mulheres em homens? 
CW: 
Isso se chamou a liberação feminina, mas quantas mulheres se sentem libertas? Ainda criamos os filhos, ainda fazemos as coisas que costumávamos fazer, mas também tentamos encontrar poder, posição, prestígio em uma sociedade tradicionalmente masculina.

YJ: Você acha os hormônios sintéticos que tantas pessoas tomam estão causando alguns desses problemas também?
CW: 
Os hormônios sintéticos vieram como uma solução para um problema, mas não se dirigem ao fundo do problema. São direcionados aos sintomas. Há um problema com os hormônios sintéticos, pois são diferentes dos hormônios naturalmente fabricados por nós, então, eles vêm com efeitos colaterais. Naturalmente, as mulheres têm hormônios do estresse e sexuais. Como vivemos em uma sociedade estressante, os hormônios do estresse são constantemente liberados em nosso corpo. Isso esgota a glândula adrenal. Hormônios do estresse são muito masculinos, langhana. Os hormônios sexuais são bruhana, são hormônios nutritivos, construtores. Sempre que há esses hormônios estressantes, langhana, irrigando o corpo, então o aspecto bruhana é menor, e o equilíbrio é prejudicado.

YJ: Quais são os problemas mais comuns que você vê no dia a dia?
CW: 
O problema mais comum é que as mulheres estão vivendo vidas que não estão felizes em viver. E quando isso acontece, cria estresse e quando o sistema nervoso estressa fica hiper suscetível a tudo, parece que tudo é uma ameaça. E esse aumento em longo prazo em sensibilidade e reatividade cria uma cascada de problemas nas mulheres. Então, o maior problema é que mulheres estão vivendo vidas que são muito rápidas para elas, muito estressante, e elas não acreditam que podem mudar.

YJ: Então, o que podemos fazer para melhorar? 
CW: 
Podemos mudar nossas vidas. Se esperamos nossas vidas mudarem sozinhas, não vai acontecer nada. É engraçado porque as mulheres estão vivendo essas vidas que são muito rápidas, muito estressantes, e elas não gostam disso, mas estão com medo de mudar, pois acham que tudo vai desmoronar. O fato é que se mudamos, se diminuímos o ritmo, nada desmorona e as coisas ficam melhor. Ironicamente, é preciso coragem para viver a vida que queremos, e não para viver a vida que não queremos.

YJ: Falando em alimentos e ervas, há algo que podemos fazer?
CW: 
Primeira coisa que podemos fazer é diminuir o ritmo. Se usamos ervas como uma solução e continuamos vivendo uma vida estressante, a raiz do problema não vai ser mudada. A mulher pode parar de fazer algo que parece ser demais, e apenas observar, estar consciente: sua vida desmorona por que parou de fazer algo? Você descobre que não só não desmorona, como fica melhor. E então, você dá mais um passinho para diminuir o ritmo. Você faz aquilo que o coração e a alma querem e tem coragem de viver a vida que quer. Então a vida não desmorona e você começa ir em um direção cada vez mais terna e bem sucedida.

YJ: Além disso, há algo mais concreto que podemos também fazer, como mudar a alimentação?
CW:
 Alimentação é simples. Você precisa comer alimentos integrais, não processados. Quanto mais processado é o alimento, menos qualidades bruhana ele tem. Então, ganhamos peso, nos sentimos letárgicos. Alguns alimentos parecem que estão consertando o problema de langhana. Você pensa: estou tendo ataques de pânico, ansiedade, então vou comer sorvete, pizza, essas comidas pesadas. Eles até vão equilibrar o langhana, mas não em boas qualidades. Vai apenas nos dar uma nutrição não verdadeira. Então, a vida vai aos extremos. Correndo, correndo, e comendo alimentos pesados, para que não saiamos voando. Então, o que devemos fazer é começar a comer alimentos integrais, grãos integrais, alimentos frescos, se possível orgânicos. Melhor ainda se conseguimos plantar nosso próprio alimento, pois colocamos as mãos na terra. Mas o mínimo a fazer é bebermos, quando estivermos com sede. Comermos com fome. E quando estivermos cansados, descansarmos. Essas são as coisas fundamentais.

YJ: E respirar.
CW:
 E respirar. É o mais poderoso remédio. Mas nem todo pranayama é bom para todo mundo. Por exemplo, se faz um pranayama muito estimulante e já tem ataques de pânico, pode piorar o problema. Mas para a maioria é bom em algumas doses. Se você for fazer uma técnica muito estimulante, coloque entre duas respirações tranquilas. Assim você estimula o sistema nervoso parassimpático e então o simpático (com a técnica estimulante) e depois o parassimpático de novo. Para equilibrar. Você reeduca o sistema nervoso a ficar bem com a estimulação. No ponto em que estamos, o corpo está entendendo energia como estresse. Então, quando fazemos algo como kapalabhati, nosso sistema nervoso entende como estressante, porque o corpo está confuso entre energia e estresse. Se mesclamos as técnicas, dizemos ao corpo que não é estresse, é um aumento de energia e podemos reeducar o corpo para isso.

YJ: Por que o corpo das pessoas que têm ataque de pânico vê perigo em tudo. Isso melhora?
CW:
 Se alguém tem histórico de ataques de pânico, na minha opinião, é melhor não fazer respirações que estimulem, apenas as calmas. Respiração alternada é ótima, porque estimula ida e pingala. E ida é o aspecto bruhana, nutritivo, feminino. E pingala é o aspecto masculino, langhana, e responsável pela motivação. E a respiração alternada pode colocar em harmonia esses dois aspectos.

YJ: E você acredita que isso equilibraria os hormônios?
CW: 
Com certeza. Vou contar uma história para ilustrar o que acontece com muitas mulheres. Tenho uma paciente que é professora de Yoga e ela estava tendo problemas de desequilíbrio hormonal. E mesmo com a alimentação certa, estilo de vida certo e ervas corretas, ela continuou com desequilíbrios hormonais. Então eu disse que ela deveria fazer abhyanga, o que ela fez e a deixou bem melhor por um bom tempo. Mas então o estresse aumentou no trabalho e ela atingiu a pior fase da menopausa. E ficou muito difícil. Então, recomendei a ela fazer 15 minutos por dia de respiração alternada. Daquele dia em diante, nos dias em que ela faz a respiração, ela não teve mais sintomas, e nos dias em que não fazia, ela tinha sintomas. Esses sintomas são sinais de desequilíbrio hormonal significativo. Isso pode ser bom para qualquer uma. Aquelas que não estão na menopausa, ainda enfrentam flutuações hormonais. A respiração lenta acalma o sistema nervoso e estimula ida, apoiando as qualidades de bruhana. Fazer uma respiração alternada acalma a superativação de pingala e melhora a atividade deficiente de ida e equilibra os hormônios sexuais e do estresse.
YJ: Quais são as melhores ervas para isso?
CW: 
Shatavari é muito boa, mas tenho uma consideração com essa erva: é possível que parav mulheres que tenham fibrose cística nos seios ou no útero, shatavari não seja a erva certa. Para essas mulheres, vidari kanda é melhor, na minha opinião.

YJ: E ervas ocidentais? Você conhece alguma?
CW: 
Não estou muito familiarizada com elas, mas Vitex, chasteberry e alcaçuz podem ser efetivas.  Entre as ervas chinesas, dang gui é boa. Uma mistura delas pode fazer muito bem. Mas o problema com as ervas hoje em dia é que se todo mundo depende de ervas, em vez de mudar a vida para consertar o problema, há um limite de até onde as ervas podem ajudar. É como tomar remédio normal, sem os efeitos colaterais ruins.

YJ: Os problemas de tireóide que muitas pessoas, novas até, estão tendo, é também por causa do mesmo problema?
CW: 
Sim. O estresse afeta o sistema endócrino, do qual a tireóide faz parte. Geralmente afeta a adrenal primeiro que fica lenta, e vai afetar os ovários, e depois a tireóide.

YJ: As pílulas anticoncepcionais que quase todas as mulheres tomam também afetam o sistema?
CW: 
É interessante porque nos EUA, o NIH (Instituto Nacional de Saúde) fez um estudo bem grande sobre os efeitos da terapia de reposição hormonal, com mulheres na menopausa que tomavam hormônios sintéticos. Tiveram que parar o estudo antes do previsto porque houve um aumento muito grande de risco de doenças cardíacas, derrame, câncer de mama e efeitos colaterais negativos da terapia hormonal sintética. Milhões de mulheres pararam de tomar os hormônios sintéticos por indicação dos médicos, pois os riscos não valiam os benefícios. Mas esses mesmos tipos de hormônios sintéticos são usados em pílulas anticoncepcionais por mulheres jovens. Por que isso não é comentado? Podemos culpar os médicos ou a indústria farmacêutica, mas são as mulheres que estão tomando. Elas querem uma solução fácil e rápida. Em minha opinião, os riscos não valem os benefícios. Hoje em dia há tanta informação disponível. Há um livro em inglês chamado “Taking charge of your fertility” (Toni Weschler, sem tradução no Brasil) que descreve como as mulheres podem entender seus ciclos, seus hormônios, sua fertilidade, e ficar grávida quando quiser, ou evitar se não quiser. Os preservativos ajudam a prevenir doenças também, mas se a mulher tem apenas um parceiro e quer prevenir a gravidez, com um pouco de pesquisa e aprendizado sobre seu ciclo, nunca mais vai ter que se preocupar com isso.
A médica norte-americana Claudia Welch faz parte da equipe do dr. Robert Svoboda e é especialista em Ayurveda para mulheres. No Brasil, Claudia faz parte do projeto Ayurveda para Mulheres, desenvolvido pelo Instituto Naradeva e a ABRA. www.draclaudiawelch.com
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